Eduardo Bolsonaro (PL-SP) confrontou o pai, Jair Bolsonaro (PL), após ser chamado de “imaturo” durante uma entrevista na qual o ex-presidente comentou sobre a atuação do filho nos Estados Unidos, em meio à crise provocada pelo tarifaço anunciado por Donald Trump.
O embate foi revelado em mensagens incluídas em um relatório da Polícia Federal enviado ao Supremo Tribunal Federal, no âmbito da investigação sobre tentativa de golpe e coação no curso do processo penal. Ambos foram indiciados pela PF no dia 20 de agosto.
Na conversa, ocorrida em 15 de julho, Eduardo reagiu duramente ao comentário do pai e questionou se ele usaria o mesmo tom com o ex-presidente Michel Temer, com quem Bolsonaro manteve uma relação de cooperação em momentos de crise institucional. “Quero que você olhe para mim e enxergue o Temer. Você falaria isso do Temer? Só isso”, escreveu Eduardo, segundo o documento da PF. Antes disso, havia disparado: “VTNC seu ingrato do caralho”.
O atrito surgiu após Bolsonaro comparar a postura de Eduardo com a de Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, frente ao aumento de tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros. Enquanto Eduardo buscava apoio de parlamentares norte-americanos, Tarcísio priorizou o diálogo com a embaixada dos EUA no Brasil.
Após a reação do filho, Bolsonaro tentou minimizar o episódio, dizendo que “resolveria agora” o impasse em uma nova entrevista. Eduardo, por sua vez, sugeriu que o pai apenas não comentasse mais: “Ou não fale nada. Me deixa de lado”.
Mais tarde, Jair Bolsonaro encaminhou ao filho uma imagem com o trecho de sua nova declaração, na qual disse que Eduardo “está certo e luta por liberdade”. O deputado então recuou. “Desculpa, peguei pesado… Estava puto na hora”, escreveu, em mensagem acompanhada de um link para uma publicação nas redes sociais em que dizia ter conversado com Tarcísio e reafirmava que ambos agem com “a melhor das intenções”.
A relação entre Jair Bolsonaro e Michel Temer já foi de colaboração em momentos tensos. Em 2021, Bolsonaro pediu ajuda ao emedebista para apaziguar os ânimos com o STF após os ataques a Alexandre de Moraes. O gesto se repetiu em 2024, quando Temer atuou nos bastidores para evitar novos confrontos entre Bolsonaro e a Corte.