A tarifa de 50% imposta pelos EUA no açúcar orgânico brasileiro já começa a mexer no agronegócio sustentável: a Jalles Machado espera prejuízo de até R$ 25 milhões, redução na produção e necessidade de readequação dos volumes para o mercado interno.
O efeito reflete a vulnerabilidade da cadeia orgânica aos choques externos e a urgência por alternativas viáveis de mercado.
Amargou
A Jalles Machado, maior produtora mundial de açúcar orgânico baseada em Goianésia (GO), projeta um prejuízo de até R$ 25 milhões devido à imposição de uma tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre esse produto.
Para contornar os impactos, a empresa planeja redirecionar entre 15 mil e 20 mil toneladas da produção originalmente destinada à exportação para o mercado interno, onde o açúcar cristal tem valor agregado menor.
Isso já constitui uma estratégia de mitigação dos impactos da sobretaxa.
Detalhes do impacto no setor
A Jalles destaca que essa decisão foi tomada após o anúncio da tarifa, mesmo enquanto registrava alta expressiva — +92,8% no volume de açúcar orgânico exportado entre maio e julho comparado ao ano anterior, com 26,4 mil toneladas vendidas no período.
A receita bruta dessa linha chegou a R$ 96,7 milhões, contra apenas R$ 12 milhões no mercado doméstico — o que evidencia a diferença de liquidez entre os dois canais.
A mudança não se limita à reclassificação de produto: espera-se também uma redução de 35% na produção de açúcar orgânico pela empresa, parte da estratégia para lidar com a perda de competitividade diante da nova tarifa.
Além disso, há preocupação com o impacto sobre a cadeia como um todo — produção, geração de emprego e investimentos ficam em risco se o acesso ao mercado americano continuar inviabilizado.